sábado, 22 de novembro de 2025

 

 

“Pelos Vales Escuros com o Bom Pastor”

 

Introdução

1.      Cena inicial

Imagine um vale estreito, envolto por rochas altas. As paredes escurecem ao entardecer, e o fundo do vale já não se vê a luz do sol – só as sombras densas.

Há uma trilha traiçoeira, com pedras soltas. Nas laterais, arbustos e penhascos.

No silêncio quase mortal, você pode ouvir o eco do vento, e talvez até algo mais sinistro:

O estalar de galhos, o arrastar de algo oculto na escuridão.

Esse vale não é para os fracos – é um lugar de perigo, onde assaltantes podem se esconder, onde a sombra da morte parece pairar.

 

2.      Conexão ao Salmo

É exatamente esse cenário que o salmista Davi evoca quando diz:

“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte…” Salmo 23:4. Ele pinta não apenas um momento de medo, mas uma travessia – uma jornada.

 

3.      Objetivo da mensagem

Hoje, vamos mergulhar nesse verso. Primeiro, vamos ver como a tradição judaica entende esse “vale”; segundo imaginar essa travessia como se estivéssemos lá; e, por fim, aplicar à nossa vida moderna:

Quais são os “vales escuros” que atravessamos hoje, e como podemos confiar no Pastor.

 

Parte 1 – Entendendo o “Vale da Sombra da Morte” na tradição judaica

Aqui, é bom trazer alguns comentários judaicos (midrash, Rashi etc.) para dar profundidade.

 

1.         Interpretação de Rashi

Segundo Rashi (comentarista medieval judaico), o termo hebraico usado no salmo é צַלְמָוֶת (tsalmaveth), que Rashi interpreta como “vale de escuridão” ou “terra de trevas”. Ele associa especificamente a esse contexto o deserto de Zif, que aparece em 1 Samuel 23, onde Davi, fugindo de Saul, estava em perigo de morte.

 

Para Rashi, portanto, não é uma figura abstrata, mas algo bem palpável: um lugar real de perigo, onde Davi temia pela vida.

Ele também diz que “todas as vezes que aparece a palavra tsalmaveth, refere-se a escuridão”.

2. Significado da palavra tsalmaveth

A raiz hebraica combina tsel (“sombra”) e maveth (“morte”), o que sugere “a sombra da morte” ou “escuridão mortal”.

Em outras passagens bíblicas, a palavra transmite a ideia de calamidade, aflição ou trevas profundas, não necessariamente morte física imediata.

Há comentaristas (como Amos Chacham) que observam que a vogalização hebraica (pontos vocálicos) pode ter sido posteriormente ajustada, e originalmente pode ter sido lido mais como “tsalmut” (“escuridão profunda”), sem a conotação tão forte de morte literal.

3. Contexto histórico/tradicional

De acordo com a Chabad (tradição judaica), Davi escreveu este salmo enquanto fugia de Saul, escondido no deserto, em meio a perigos reais de morte.

Essa leitura nos ajuda a ver que Davi não está apenas falando poeticamente, mas evocando sua própria experiência de vida: a confiança de que mesmo no deserto mais escuro, Deus estava com ele.

 

Parte 2 – Vagando no Vale: uma narrativa da travessia

Aqui podemos “imaginar” o vale, para que o leitor sinta como se estivesse na cena.

“Fecho os olhos por um instante e imagine você caminhando por esse vale traiçoeiro. A cada passo, as pedras rangem, e a luz desaparece. Uma névoa densa cobre o chão, e nossa respiração ecoa nas paredes rochosas. Algo se move nas sombras — talvez um ladrão, talvez uma fera, talvez apenas o vento.

Mas então, percebo — ele está comigo. Não posso vê-lo, mas sei que há um Pastor ao meu lado. Sua vara se estende para me proteger: se houver um predador, ele o afasta; se eu cair, ele me ergue. Seu cajado guia minha perna trêmula, me mantém no caminho.

Mesmo quando a sombra da morte parece me cercar, eu não tremo, porque não estou sozinho. Ele caminha comigo. Cada passo me leva para fora daquele vale, não porque o perigo tenha desaparecido, mas porque a companhia dele me dá firmeza.

E eu entendo: esta travessia é parte da minha jornada. Não é o fim, mas um trecho. Ele me conduz para uma mesa preparada, mesmo diante dos meus inimigos, e minha vida será marcada pela bondade e pela misericórdia.”

 

Parte 3 – Aplicação para os dias de hoje

Depois de explicar a tradição judaica e pintar a cena, é hora de trazer para a vida real:

1. Identificando nossos vales escuros

Quais são os “vales” modernos que enfrentamos? Desemprego, doença, luto, crise familiar, ansiedade, depressão, injustiças.

O “vale da sombra da morte” pode não ser uma caverna física, mas pode ser uma temporada de escuridão psicológica, emocional ou espiritual.

Às vezes caminhamos por vales sem ver saída, sentindo medo real — e com razão. Mas, como Davi, podemos afirmar: “não temerei mal algum”.

2. A presença transformadora de Deus

O grande consolo é a presença de Deus: “porque tu estás comigo”. Essa frase é tão central.

A vara e o cajado simbolizam dois aspectos de seu cuidado: proteção (vara) e orientação/suporte (cajado). Mesmo quando sofremos, Deus usa esse “instrumento pastoral” para nos confortar e redirecionar.

Não se trata de uma promessa de ausência de dor, mas de uma garantia de companhia.

3. Confiança ativa

Confiar no Pastor implica caminhar no vale, não simplesmente esperar que o vale desapareça magicamente.

Poderíamos orar como Davi: “Senhor, guia-me mesmo quando o caminho é escuro. Usa tua vara para me proteger e teu cajado para me segurar.”

Também é um chamado para testemunhar: quando saímos do vale (ou mesmo no meio dele), podemos dar testemunho da fidelidade de Deus.

4. Missão para a comunidade

Como igreja/comunidade cristã, podemos ser aos outros “vara e cajado”: oferecer apoio prático (cajado) e defesa ou oração (vara).

Há pessoas ao nosso redor atravessando vales — nossa resposta pode ser caminhar com elas, confortar, orar junto, mostrar que não precisam enfrentar sozinhas.

5. Esperança escatológica

Além disso, podemos lembrar da esperança final: para aqueles que confiam no Senhor, esse vale é uma etapa, não o destino final.

A presença de Deus na vida presente aponta para uma promessa maior — a morada “na Casa do Senhor para sempre” (Salmo 23:6).

Isso nos dá coragem para enfrentar o presente e esperar por um futuro com Ele.

 

Conclusão

Davi fala de um vale escuro, um lugar de perigo — não como poesia vazia, mas baseado em experiência real.

A tradição judaica (como Rashi) confirma que esse vale representa tanto escuridão literal quanto espiritual.

Mesmo naquele vale, o Senhor não nos abandona: sua vara nos protege, seu cajado nos guia, e sua presença nos conforta.

 

Reflexão

Identifique seus vales: quais são os momentos de escuridão na sua vida?

Entregue esses medos ao Pastor: peça que Ele caminhe com você, que use sua vara e seu cajado.

Seja instrumento de apoio para outros: caminhe com irmãos que estão em seus vales, compartilhe fé, ofereça sua “experiencia” para sustentar alguém.

Guarde a esperança: este vale não é para sempre — há bondade, misericórdia e uma casa eterna com Deus.

3 Oração de encerramento

“Senhor Deus, meu Pastor fiel,

Mesmo quando eu andar por vales escuros e frios, não temerei, porque Tu estás comigo.

Consola-me com tua fidelidade, guia-me com teu amor, e ajuda-me a ser para os outros testemunha da Tua presença.

Que, no fim desta travessia, eu possa ver tuas veredas de luz e habitar na tua casa para sempre.

Pr. Aguinaldo Gonçalves.

Assembleia de Deus.

Joinville. SC

 


quinta-feira, 13 de novembro de 2025

 

 

 

 

Vai na Minha Casa, Jesus

 

Lucas 19:5–6

 

“E, quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. E apressando-se, desceu, e recebeu-o com alegria.”

 

Introdução

 

Há uma expressão que ecoa no coração de quem ama a presença de Deus:

“Vai na minha casa, Jesus!”

 

Essa frase é uma oração de fé, um clamor de quem entende que quando Jesus entra em uma casa, tudo muda.

A Bíblia mostra várias ocasiões em que Jesus foi convidado a entrar em lares — e nenhum desses lares permaneceu o mesmo.

 

Hoje, vamos olhar para alguns desses momentos e entender o que acontece quando Jesus vai à nossa casa.

 

 

1. Jesus na casa de Zaqueu – Lucas 19:1–10

 

Zaqueu era um homem rico, mas vazio. Tinha dinheiro, mas faltava paz.

Quando ouviu falar que Jesus passava por Jericó, subiu em uma figueira para ver quem era Jesus.

 

Mas Jesus olhou para cima e disse:

 

“Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa.”

 

Aplicação:

Quando Jesus entra em casa, entra também no coração.

A presença Dele traz arrependimento, transformação e salvação.

 

Zaqueu, tocado por essa presença, disse:

 

“Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.”

 

Quando Jesus vai na casa, o que era ganância vira generosidade,

o que era mentira vira verdade,

o que era treva vira luz.

 

 

2. Jesus na casa de Pedro – Mateus 8:14–15

 

“E Jesus, entrando na casa de Pedro, viu a sogra deste jazendo com febre. E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se, e servia-os.”

 

Jesus entra e cura a sogra de Pedro.

Ele não fez um discurso, não exigiu nada — apenas tocou.

 

Aplicação:

Quando Jesus vai na casa, Ele toca o que está doente, cura o que está enfermo, levanta o que está caído.

 

Talvez na sua casa haja alguém enfermo, abatido, desanimado — mas diga com fé:

“Vai na minha casa, Jesus!”

Porque onde Ele entra, a enfermidade sai e a alegria volta a servir!

 

 

3. Jesus na casa de Jairo – Marcos 5:35–43

 

Jairo, chefe da sinagoga, foi até Jesus e suplicou:

 

“Minha filha está morrendo; vem, impõe as mãos sobre ela para que viva.”

 

Mesmo quando disseram: “Tua filha morreu”, Jesus foi à casa de Jairo e disse:

 

“Não temas, crê somente.”

 

Ele entrou, tomou a menina pela mão e disse:

 

“Talita cumi” — que quer dizer “Menina, a ti te digo, levanta-te.”

 

Aplicação:

Quando Jesus vai na casa, Ele ressuscita o que morreu,

Amor

Esperança

 

Talvez o ambiente da sua casa esteja frio, silencioso, sem vida.

Mas se Jesus entrar, aquilo que parecia morto voltará a respirar!

 

 

4. Jesus na casa de Marta e Maria – Lucas 10:38–42

 

“E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus em uma aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.”

 

Enquanto Marta se preocupava com os afazeres, Maria se assentou aos pés de Jesus para ouvir a Palavra.

 

Aplicação:

Quando Jesus vai na casa, é tempo de parar e ouvir.

Há casas cheias de barulho, mas sem comunhão; cheias de coisas, mas sem a presença.

 

Jesus quer entrar e dizer:

 

“Uma só coisa te é necessária: a minha presença!”

 

 

5. Jesus na casa de Simão, o leproso – Marcos 14:3

 

“E estando Ele em Betânia, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro com unguento de nardo puro; e derramou-o sobre a cabeça de Jesus.”

Nessa casa houve adoração. Uma mulher quebrou o vaso e ungiu Jesus.

O aroma encheu toda a casa!

 

Aplicação:

Quando Jesus vai na casa, a adoração enche o ambiente.

Onde há presença de Jesus, há perfume de adoração, há louvor verdadeiro e gratidão no coração.

 

 

Conclusão

Deus está dizendo hoje:

“Eu quero ir na tua casa!”

Quero entrar nos lares onde há lutas, dores e lagrimas,

Para transformar, curar e restaurar.

 

Diga com fé hoje:

 

“Vai na minha casa, Jesus!”

“Entra Senhor, e muda a história da minha família!”

Porque quando Jesus entra,

O choro se transforma em riso,

A enfermidade em saúde,

A morte em vida,

E o desespero em adoração.

 

Reflexão

Josué 24.15

“Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.”

 

Pr. Aguinaldo Gonçalves.

Grupo Panorama Bíblico.

 

 

 

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

 

 

 

A Presença de Deus — Nosso Tesouro Mais Precioso

 

 

“Disse o Senhor: A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso.

Então lhe disse Moisés: Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui.”

(Êxodo 33:14-15)

 

 

Introdução

 

Moisés havia experimentado grandes manifestações do poder de Deus: o mar que se abriu, o maná que caía do céu, a água que brotava da rocha. Porém, ele sabia que nada disso teria valor se a presença de Deus não estivesse com ele e com o povo.

Moisés não estava em busca apenas de bênçãos, vitórias ou terras — ele queria a presença do próprio Deus.

 

Em tempos em que muitos buscam as mãos de Deus (aquilo que Ele pode dar), Moisés nos ensina a buscar o rosto de Deus (quem Ele é).

 

 

1. A presença de Deus é o que nos diferencia neste mundo

 

“Pois como se saberá agora que achei graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é porventura em andares tu conosco?” (Êxodo 33:16)

 

O que faz o povo de Deus ser diferente não é a riqueza, não é o templo, não é a posição — é a presença do Senhor.

Sem a presença de Deus, a caminhada perde o sentido. Podemos ter recursos, dons e talentos, mas se o Espírito Santo não estiver conosco, tudo se torna vazio.

 

Aplicação:

Hoje, em meio à correria da vida moderna, muitos vivem cansados, preocupados, cheios de atividades — mas sem sentir a presença de Deus. Ele ainda nos convida a priorizar a comunhão com Ele, acima de tudo.

O que nos distingue neste mundo não é o título que temos, mas a presença que carregamos.

 

 

2. A presença de Deus traz descanso à alma

 

“A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso.” (Êxodo 33:14)

 

O descanso que Deus promete não é apenas físico, mas espiritual e emocional.

Há pessoas que dormem a noite inteira, mas não descansam o coração.

Somente a presença de Deus traz paz verdadeira, mesmo no meio das lutas.

 

Aplicação:

Nos dias de hoje, em que a ansiedade e a angústia tomam conta de muitos, o Senhor continua dizendo:

 

“A minha presença irá contigo.”

Quando a presença de Deus está conosco, Ele acalma tempestades, renova forças e nos faz andar em paz, mesmo em meio ao deserto.

 

 

 

3. A presença de Deus é o maior tesouro da vida

 

Moisés preferiu ficar no deserto com Deus a entrar em uma terra prometida sem Ele.

Ele sabia que nenhum sucesso, conquista ou realização vale a pena se Deus não estiver presente.

 

Aplicação:

Hoje, muitos correm atrás de bens, status e reconhecimento. Mas o verdadeiro tesouro é ter Deus habitando dentro de nós.

Como disse o salmista:

 

“Na tua presença há plenitude de alegria; à tua destra, delícias perpetuamente.” (Salmo 16:11)

 

Nada se compara ao prazer de estar em comunhão com o Senhor.

 

 

Conclusão

 

Moisés nos ensina a orar não por bênçãos, mas por presença.

A presença de Deus é o que nos sustenta no vale, nos guia na jornada e nos fortalece para vencer.

 

Que esta seja também a nossa oração:

 

“Senhor, se a Tua presença não for comigo, não me deixes ir.”

 

 

 

Porque a presença de Deus é o maior tesouro que um cristão pode ter.

Sem ela, nada tem valor; com ela, até o deserto floresce.

 

 

Reflexão:

 

Hoje, Deus te convida a renovar a comunhão com Ele.

Volte a buscar Sua presença com o coração sincero.

Não busque apenas o que Ele pode fazer, mas quem Ele é.

A presença de Deus é o segredo da vitória, o refúgio na dor e o tesouro que enriquece eternamente.

 

Pr. Aguinaldo Gonçalves.

Assembleia de Deus.

Joinville. SC